“SEMPRE LUTEI CONTRA PESSOAS QUE TINHAM OS DOIS BRAÇOS, ATÉ HOJE”
Eu nasci em Natal, no Rio Grande do Norte. Minha infância foi meio complicadinha e sofria bullying da molecada porque eu tinha só um braço. Estudava em escola pública, e tinha uns projetos da prefeitura que acabaram trazendo o Karatê até a minha escola. Foi aí que as coisas mudaram.
Minha mãe me colocou nas aulas para tentar melhorar a minha disciplina em casa e na escola. No começo, eu usava o esporte para me defender e bater de volta em quem me provocasse: eu era aqueles molequinho barraqueiro, não abaixava a cabeça. Se tirasse onda comigo, minha nossa! Não era uma boa pessoa não. Tava sempre na direção por conta de brigas na escola.
Com os anos, acabei tomando consciência de que não era assim que se resolviam as coisas. Levei a escola mais a sério, sempre com o Karatê nas minhas costas. No terceiro ano do Ensino Médio alcancei a faixa preta e comecei a dar aulas para as escolas públicas daqui. Recebi uma homenagem na Câmara dos Vereadores pelos serviços sociais e fui premiado com uma bolsa de estudos em uma faculdade. Sou estudante de Direito, e hoje eu percebo como é bom você saber dos seus direitos pra não deixarem passar a perna em você. Foi também nessa época que conheci o jogo que iria mudar a minha vida, o PUBG Mobile.
“NO PUBG, É DIFÍCIL ALGUÉM NÃO ME CONHECER”
Quando eu tinha uns 17 anos, eu acompanhava um streamer, o Netenho. Sempre fui fã dele, e foi assim que conheci o PUBG. Lá eu fiz um grupo de amigos e comecei a jogar com mais frequência. Depois de 4 meses jogando com eles, soltei um dia: “eu com um braço jogo melhor que vocês todos”. Eles não entenderam o que eu quis dizer e mandei um vídeo de como eu jogava com um braço só. A galera ficou surpresa e sugeriram que eu subisse o vídeo no YouTube. Isso acabou viralizando até chegar aos times profissionais de PUBG e fui convidado para ser complete de um campeonato.
A gente ganhou por minha causa: eu, com um braço, jogando contra pessoas que tinham os dois braços, fui o último a ficar vivo. Os caras piraram! Foi assim que eu entrei no meu primeiro time profissional. To com o Team Codas Solid desde o comecinho; mesmo recebendo várias propostas de outros times, sempre me mantive fiel ao Codas, do qual sou coach hoje em dia.
Conhecer o PUBG mudou a minha vida de várias formas. Consegui realizar um sonho, sair do meu Estado e conhecer outras partes do Brasil, encontrar muitos amigos que fiz em jogo e o mais importante, viver do PUBG.
O cenário de PUBG, dos esports no geral, é muito desbalanceado. Tem pessoas que têm muito, outras que não têm nada. Hoje faço um projeto de coach para times menores, para que saibam como começar no competitivo. No PUBG, é difícil alguém não me conhecer.
“DESISTIR NÃO É UMA OPÇÃO”
Teve duas coisas que o fato de eu não ter um braço me impediu. Uma é que eu não posso bater palmas. A outra, é que eu não pude ser jogador de futebol. Mas esse fato nunca me impediu de realizar o sonho de viver do PUBG.
Uma coisa que tá tatuado no meu braço é que desistir não é uma opção. Quando você desiste, você está afirmando que você não é capaz. E todo mundo é capaz, tanto que eu tô onde tô hoje!