No dia 22 de julho, o nosso podcast de entrevistas De Frente com Overclock foi inaugurado e já contamos com a ilustre presença de Cleber Ferrer, manager da Imperial. De dono de lan house até organizador de campeonatos, o paulista de Botucatu tem seu nome marcado na história do CS brasileiro como manager, organizador, patrocinador e, acima de tudo, um amante do jogo.
Na entrevista, que contou com a participação de diversos fãs pelo Discord da Overclock, Ferrer comenta sobre a vida como manager da Imperial, a rotina de viagens e campeonatos do time nos últimos meses, e o que podemos esperar para o segundo semestre da Last Dance brasileira, incluindo o major do Brasil, marcado para outubro deste ano.
Índice
- Os tempos de ouro e a origem de “Ferrer”
- A vida na gerência do e-sport
- O começo do projeto e o futuro da Imperial
Os tempos de ouro e a origem de “Ferrer”
Cleber descobriu o CS apenas aos 24 anos, enquanto procurava lan houses na cidade de Piracicaba-SP. Já na faculdade, o manager conta na entrevista ao GE (link aqui), que o jogo tomou uma proporção grande na sua vida, tendo levado o jovem – então universitário – ao hospital por anemia, atribuída às madrugadas passadas na lan.
Ainda presente nos corujões, o estudante de Análise de Sistemas se formou e manteve uma carreira em TI até 2005, quando foi demitido. De volta a Botucatu, Ferrer abriu a Acervus, a lan house que virou um dos grandes palcos dos tempos de ouro do CS 1.6 brasileiro, sediando diversos campeonatos e tornando-se uma lan de sucesso durante os 7 anos que se manteve em atividade.
Foi durante esses anos que Ferrer se interessou com os e-sports, tornando-se patrocinador da Crashers, o primeiro time profissional do Professor – Gabriel “FalleN” Toledo, pelo qual estabeleceu uma parceria e amizade que dura até hoje. Atualmente, mais uma vez compartilhando o projeto, Cleber aponta como a participação de FalleN, tanto como jogador, como auxiliando no gerenciamento da equipe, é de vital importância para a Imperial.
Mais pro fim do podcast com a Overclock, Cleber também respondeu sobre os tempos de dono de lan e patrocinador de times de 1.6, período que “guarda com carinho no coração”. “Viajei por todo estado de São Paulo disputando campeonatos, e na época era tudo mais difícil, não havia estrutura financeira, os campeonatos pagavam muito pouco e todos envolvidos no cenário sempre sacrificavam algo para poder ajudar ou participar, (...) como não havia salário, todos nós faziamos por diversão e amizade, e acho que esse sentimento é o que me faz mais falta, além do ambiente de lan house com os amigos”.
A vida na gerência do e-sports
Logo no começo da entrevista, Ferrer revela – respondendo uma pergunta de um membro do Discord – o profissionalismo e a preocupação com o bem-estar dos jogadores, detalhando que seu papel como manager inclui gerenciar essas rotinas.
“Cada jogador faz a sua atividade, (...) e isso influencia muito na parte emocional e psicológica, além do desempenho no jogo”, conta o manager. Assim como nos esportes convencionais, os e-sports exigem uma rígida rotina de treino, e encaixar isso com os diferentes estilos de vida dos atletas, permitindo que cada um ainda consiga fazer o que gosta ao mesmo tempo com que se se comprometa aos treinos, é responsabilidade do managing do time.
Apesar de ser revelado que o acompanhamento profissional (psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas) não é responsabilidade direta da Imperial e que cada jogador teria sua equipe separada, o manager comenta como ele e a organização se botam à disposição, principalmente no aspecto emocional e das demandas que venham surgindo ao longo do semestre. “Ter na organização um fisioterapeuta, um nutricionista ou um psicólogo infla muito, além de que as constantes viagens exigiram que a gente deslocasse toda essa equipe, e infelizmente não temos estrutura para sustentar isso durante os bootcamps e campeonatos”.
Ainda nesse assunto, Ferrer comenta sobre a importância das pausas no calendário de competições, quando perguntado sobre a “player break” (hiato entre campeonatos e eventos de CS:GO que acontece durante o meio do ano): “é programado pela própria comunidade do CS (...), temos que viajar praticamente o tempo todo, então esse break é necessário, senão acaba tendo muita fadiga emocional e física dos jogadores”. A Imperial disputou o seu último jogo antes do hiato no dia 6 de julho, e está programada para voltar aos palcos no ESL Challenger Melbourne, logo no começo de setembro.
O começo do projeto e o futuro da Imperial
Um ponto que foi tocado pelo manager durante toda a entrevista foi o calendário abarrotado que a Imperial viveu durante o primeiro semestre de vida do time. “Foi um período muito pesado, de cinco meses e meio de viagens e treinos sem parar, (...) acabamos indo bem nos campeonatos, nos classificamos para muitos outros eventos, e com isso acabamos disputando bem mais campeonatos do que o previsto”.
Apesar de alguns resultados desapontantes no fim do primeiro semestre, como a queda nos primeiros estágios da IEM Cologne, a Imperial acumulou bons resultados como uma nova roster. O mais impressionante desses resultados, o Major na Bélgica, revive a memória dos brasileiros que viram o Brasil assumir o topo do CS mundial, tendo vitórias importantes contra a Cloud9 (4º no ranking mundial) e a Liquid (13º no mesmo ranking). “Sobre disputar o Major na Bélgica: lógico que trabalhamos e nos dedicamos para isso, mas se falassem em dezembro que a gente iria se classificar, nós mesmos não apostariamos nisso”, aponta Ferrer.
Além disso, o Major no Brasil foi citado com muito carinho pelo entrevistado, que revela a conquista do Legend Stage do Major no Rio ser um dos principais objetivos e “sonhos” do projeto. “O segundo semestre é muito especial para a Imperial, e ainda mais especial para toda a torcida brasileira. Entendemos a importância de ter a Imperial jogando nos palcos aqui do Brasil, então vamos nos dedicar muito nesses próximos cinco meses, assim como fizemos na primeira metade da temporada”.