Por José Henrique Bomfim, Ph.D.*
Se perguntarem a qualquer brasileiro quem foi o melhor jogador de futebol profissional de todos os tempos, não há dúvidas que a grande maioria irá responder Pelé. Todo o legado deixado pelo "rei", que nos deixou em dezembro de 2022, é sem dúvidas uma marca gigantesca na história do esporte mundial.
Claro que há quem diga que ele não foi o maior, principalmente estrangeiros, mas isso não apaga toda história por trás deste atleta excepcional.
Para entender o tamanho de seu legado, temos que compreender os números impressionantes de sua trajetória no futebol. Pela Seleção brasileira: Copa do Mundo: 1958, 1968 e 1970, Copa Rocca: 1957 e 1963, Sul-Americano Militar: 1959, Copa Oswaldo Cruz: 1958, 1962 e 1968, Copa Bernardo O'Higgins: 1959. Pelo Santos: Mundial de Clubes: 1963 e 1963, Taça Libertadores: 1962 e 1963, Recopa Sul-Americana: 1968, Recopa Mundial: 1968, Campeonato Brasileiro: 1961, 1962, 1963, 1964, 1965 e 1968, Torneio Rio-São Paulo: 1959, 1963, 1964 e 1966, Campeonato Paulista: 1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969 e 1973 e dezenas de outros feitos que não colocamos aqui para poder poupar texto. Jogos e gols: Jogos: 1.364, Gols: 1282, Jogos pelo Santos: 1.116, Gols pelo Santos: 1.091, Jogos pela Seleção: 113, Gols pela Seleção (contas da Fifa): 77, Gols pela Seleção (total): 95. (Fonte: https://ge.globo.com/pele/noticia/2022/12/29/gols-e-titulos-os-impressionantes-numeros-da-carreira-de-pele.ghtml)
Portanto é indiscutível discorrer sobre sua grandeza ao compararmos com atletas de quaisquer modalidades esportivas.
Mas tudo isso pode ser explicado pela sua genialidade ou há algo mais ligado ao atleta em si?
Pelé era dono de um condicionamento físico ímpar, muito além do padrão de biotipo físico de sua geração, onde podemos ver atletas mais esguios e sem um volume muscular tão impressionante como o de Pelé. Este biotipo se aproxima muito ao dos atletas de hoje, principalmente os que jogam em clubes europeus.
Além da clara questão genética clara que envolve longevidade (sua mãe ultrapassou a marca dos 100 anos de idade), Pelé prezava pela disciplina nos treinos, vida e na alimentação.
Atualmente, todo atleta profissional tem acesso a um programa individual de nutrição e treinamento, com profissionais de nutrição, educação física, medicina esportiva e fisiologia à inteira disposição. Mas isso não era, nem de longe, a realidade dos anos 50, 60 e 70.
Pelé não teve acesso a suplementação, a alimentos funcionais, a uma periodização da dieta, a um planejamento científico, a equipamento de última geração e medicamentos que tratam lesões em questão de dias.
Atletas como Cristiano Ronaldo, Lebron James, Lionel Messi, Fernado Nadal tem todo um arcabouço ergogênico (que melhora desempenho) por trás de sua rotina de treinamento. Mas isso não apaga o brilho destes atletas de grande expressão.... somente aumenta o brilho de Pelé.
Os números que demonstramos aqui determinam um atleta de performance impecável, com pouquíssimos outros podendo entrar em uma comparação de desempenho na carreira.
Como é muito difícil ter acesso a tudo o que Pelé fazia durante os treinos em relação à dieta e condicionamento físico, podemos somente ter certeza de que, ao menos, ele era alguém de extrema disciplina, foco e concentração.
Pelé não fumava nem consumia álcool. Sabemos que tinha preferências em alguns alimentos como ovos, couve, feijão e carne suína (bem mineiro por sinal). E pensando nestes alimentos somente, temos uma noção de nutrientes que faziam parte de sua rotina, como colina, vitaminas do complexo B, minerais como ferro, cobre, zinco, selênio e manganês, além de fibras importantes e antioxidantes.
Por fim, podemos especular que sua rotina de alimentação, descanso e treino eram exemplares e que, além disso, sua genética física o favorecia e sua disciplina mental era fator chave para toda a performance impecável do melhor atleta de todos os tempos.
Pelé, além de melhor jogador de futebol de todos os tempos, foi sinônimo de performance.
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*José Henrique Bomfim é Farmacêutico Bioquímico, mestre em toxicologia, doutor em farmacologia clínica e consultor científico da Overclock
