Publicidade e atenção - qual o artifício usado pelas empresas para despertar a atenção do consumidor?

Publicidade e atenção - qual o artifício usado pelas empresas para despertar a atenção do consumidor?

Por José Henrique Bomfim, Ph.D.*


Muitas vezes parece inocente.... Inofensivo.... Nada que faça eu ou você ficar pensando naquele jingle, naqueles poucos tons musicais, naquela frase despretensiosa.... Só que, quando você percebe, está replicando mentalmente o que viu ou ouviu.

Aquelas quatro notas da empresa de microprocessadores, o personagem da empresa de fast foods, as letras estampadas na garrafa do refrigerante, tudo é delicadamente pensado para que nós possamos gravar em nossas mentes e buscar pelo serviço ou produto quando necessitamos.

Mas por que isso acontece? Quais as estratégias que as grandes empresas usam para nos deixar tão vidrados nelas?

Se você quer saber a resposta para essas e outras perguntas fica com a gente, porque a Overclock vai te explicar quais os mecanismos o marketing usa para chamar a sua atenção.

Só para adiantar, vamos passar pelos seguintes tópicos:

  • Como as grandes empresas captam a nossa atenção?
  • Como nosso cérebro funciona e porque prendemos tanto a nossa atenção? 
  • Como funciona o nosso processo de memorização?
  • Conclusão

COMO AS GRANDES EMPRESAS CAPTAM A NOSSA ATENÇÃO?

Você já se pegou falando uma frase ou cantando algum jingle de uma grande empresa? Você já percebeu como algumas cores ou formas chamam a nossa atenção?

Se sim, saiba que tudo isso é intencional. Grandes empresas utilizam estratégias de marketing para prender a atenção do consumidor e despertar interesse por seus produtos.

Estes artifícios, na verdade, são detalhadamente planejados dentro do contexto do que conhecemos por neurolinguística* (ciência que estuda as relações entre a estrutura do cérebro humano e a capacidade linguística, com atenção especial à aquisição da linguagem e aos distúrbios da linguagem).

*Atualmente, é utilizado o termo Programação Neurolinguística (do inglês - Neuro-linguistic Program ou NLP) ou neuromarketing.

Como vimos no post sobre o BBB (BBB - overblog), nosso cérebro é programado para aceitar padrões que tem a ver com nossa capacidade evolutiva de reconhecer determinadas situações e focar nestas. Por isso, as empresas e marcas, por diversas vezes, criam situações cotidianas, personagens ou mesmo músicas que têm relação com estes padrões.

Não é incomum utilizar crianças ou animais para tais situações, já que tendemos a sentir afeto e lembrar destas visões relacionadas ao nosso padrão evolutivo. Desta forma, marcas mudam sua logo ou jingle ao decorrer dos tempos para se adaptar a padrões culturais.

Para que entendam.... Um mesmo produto pode ter direcionamentos diferentes em suas campanhas dependendo do país ou região. Isto se deve ao fato de que as empresas estudam fatores culturais e tendências de mercado dos locais onde o produto será divulgado.

COMO O NOSSO CÉREBRO FUNCIONA E PORQUE PRENDEMOS TANTO A NOSSA ATENÇÃO 

E como o nosso cérebro é explorado diante destas questões de propaganda? Quais são as substâncias e regiões envolvidas na percepção dos anúncios?

Basicamente, em todos os momentos de atenção a um anúncio ou campanha publicitária, são exploradas as áreas do aprendizado e memória a curto e longo prazo. A questão visual/auditiva é o ponto de partida das técnicas de neuromarketing.

O primeiro impacto ao ver ou ouvir o anúncio pode ser determinante para ser estabelecido o foco no conteúdo e a memorização.

Existe ainda a exploração da repetição de frases de efeito ou palavras. Estas podem vir como imagem ou mesmo como música.

Nosso cérebro tende a buscar o que mais nos agrada e isso faz parte de uma rede de processamento estabelecida desde nossa primeira infância.

COMO FUNCIONA O NOSSO PROCESSO DE MEMORIZAÇÃO? 

O aprendizado é, basicamente, um conjunto de novas memórias e este processo envolve três neurotransmissores de forma mais direta: acetilcolina, GABA e glutamato. Dopamina e noradrenalina atuam promovendo um balanço na transmissão de impulsos nervosos.

Entretanto, o processo em si é bastante complexo, e envolve a formação de novas vias neurais, proteção das vias de sinalização cerebrais, neuromodulação e neurotransmissão.

Estes neurotransmissores são formados a partir de nossa dieta. Por exemplo, a tirosina é um aminoácido precursor dos neurotransmissores dopamina e adrenalina (noradrenalina). O aminoácido triptofano é responsável pela formação da serotonina e colina (vitamina B8) é precursora da acetilcolina.

Todos estes nutrientes são fundamentais para o processo de formação da memória e aprendizado, sendo também importantes as vitaminas, principalmente do complexo B, que atuam como mensageiros ou coenzimas nas vias de síntese dos neurotransmissores.

O estudo destes eventos ligados ao aprendizado e memória ultrapassa questões de fisiologia básica, pois dezenas de doenças afetam estes sistemas, como Parkinson, demência e Alzheimer. Nestas, a síntese dos neurotransmissores é totalmente afetada e os processos de aprendizado e memorização são comprometidos.

Dietas inadequadas, falta de atividade física e principalmente sono irregular estão envolvidos em desregulação e mal funcionamento destes processos.

CONCLUSÃO 

Os estudos em neurolinguística e neuromarketing acabam por ultrapassar as barreiras sobre comportamento e tendências, sendo que o conhecimento sobre a Neurofisiologia e neuromodulação são essenciais para a compreensão da utilização destas técnicas.

Grandes empresas estão cada vez mais focadas em utilizar esse mecanismo para atrair a atenção dos consumidores. Afinal, sua atenção vale ouro. 


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Referências Bibliográficas:

BAIRY LK and KUMAR S. Neurotransmitters and neuromodulators involved in learning and memory. Int J Basic Clin Pharmacol. 2019Dec;8(12):2777-2782.

SKINNER H and STEPHENS P. Speaking the same language: the relevance of neuro-linguistic programming to effective marketing communications. JOURNAL OF MARKETING COMMUNICATIONS. 9, 177–192 (2003)


*José Henrique Bomfim é Farmacêutico Bioquímico, mestre em toxicologia, doutor em farmacologia clínica e consultor científico da Overclock

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